Programa da TV em risco!

Caros leitores.

Escreve-vos Paulo Gomes, o representante da Animasim Produções, constituída pelo autor e actor Roberto Borges (a.k.a. "Ramiro"), e pelos actores Hélder Xavier (a.k.a. "Baptista") e Miguel Soares (a.k.a. Agostinho).

É com muita pena que comunico o cada vez mais certo fim do programa televisivo "Fala Quem Sabe".
Ainda não se obteve resposta da RTP-A, mas o prazo estabelecido para clarificar a situação (até 30 de Março) está a esgotar-se.

Uma vez que o público é a principal razão do, vá lá, relativo sucesso dos "Fala Quem Sabe", sinto-me na obrigação de vos justificar as razões que estão por detrás do cenário que, infelizmente, sinto-me forçado a desenhar.

Como é do domínio comum, os "Fala Quem Sabe" iniciaram e continuaram este projecto por amor à camisola, sem qualquer contrapartida financeira. O que se compreende, para quem se iniciou pela primeira vez nas lides televisivas.
Não havia garantias, pelo que foram postos à experiência.
As provas, porém, estão mais do que dadas. O "Fala Quem Sabe" é um, senão mesmo o único, programa com maiores audiências na RTP-A. Têm tido excelentes críticas quer nos media, quer das pessoas que fazem questão de lhes dar uma palavra de incentivo, seja pessoalmente, seja via e-mail ou mesmo neste espaço.
Não se conseguiu arrecadar apoios publicitários para a TV, até porque, em bom rigor, isso não caberia a nós, pois não estamos dentro do meio empresarial.

Quem viu, como eu vi, os três lavradores durante o processo das filmagens sabe que eles não só têm "queda", como tiram imenso prazer naquilo que fazem. Falo dos três, sem distinção, pois o sucesso de cada personagem depende de todas as outras.
E nem falo do trabalho da produção, pois não estou habilitado a representar os interesses do produtor e produtora.

Enfim...como vêm esta "brincadeira" ainda dá muito trabalho. Aposto que não há ninguém que goste ver o seu esforço subestimado. Ainda por cima se esse trabalho implica abdicar das vidas pessoais (gravações), esforço intelectual (elaboração de textos) e esforço artístico (representação e produção).

Da RTP-A não se ouve qualquer garantia para o futuro. Apenas contínuas intenções, e como todos sabemos, "de boas intenções está o mundo cheio".

Ninguém está contra a RTP-A. Sem ela os "Fala Quem Sabe" provavelmente não existiam. Mas está na altura de salvaguardar os interesses dos actores e autores. A RTP-A é uma empresa que movimenta milhões de euros, com programas pagos a preço de ouro. Para bom entendedor, meia palavra basta.

Por tudo isto, e para concluir, vislumbra-se, num horizonte muito próximo, o fim do programa "Fala Quem Sabe".
Se tal acontecer, com muita pena dos actores, sublinho, não vem mal ao mundo.
A representação cénica continuará. Do mesmo modo a Animásim irá tentar negociar com estações televisivas sediadas fora dos Açores (infelizmente, para prejuízo do público açoriano). Outros projectos criativos avizinham-se.

Em suma, a Animasim está aqui para ficar.

Cumprimentos a todos

PJG.